Memorial

Estopa

Estopa

Década de 70

1-) OS ANIMAIS TAMBÉM VÃO PARA O CÉU

Meu pai (Cel. Horácio Boson) faleceu no Dia dos Pais em 12/08/2007. Após seu enterro, aquela cena ficou em minha cabeça e não me conformava onde o havia deixado. Naquela noite, deitei-me, peguei no sono e, algum tempo depois acordei, olhei para o relógio, que marcava 23:45 h.

Revirava-me de um lado para o outro na cama, chorava baixinho para ninguém ouvir, lembrando onde meu pai havia ficado. Não sei dizer se sonhei ou alguém disse: “Seu pai não está onde você deixou. Vou mostrar para onde ele foi.” E me mostrou um lindo e enorme monte de um verde maravilhoso, com um céu muito azul, igualmente maravilhoso. Ali estava um cavalo castanho, de olhos grandes, uma franjinha descabelada na testa. Chamou-me a atenção aquela franja, pois normalmente são bem lisas. Sua crina era cortada curta, sua garupa bem arredondada, cabeça levemente acarneirada, apenas uma das patas calçada de branco e uma mancha branca na testa.

O cavalo demonstrava grande alegria e impaciência. Então, me falou a voz: “Olhe o presente que seu pai está recebendo por chegar aqui, olhe quem veio esperar teu pai: o ESTOPA.” Então, vi chegando um jovem fardado, subindo o monte caminhando naturalmente em direção ao cavalo e pulou em seu pescoço. O cavalo corcoviava de alegria e os dois saíram pelo campo brincando. Acordei e fiquei pensando: será que sonhei ou ouvi de fato esta voz? Chorei novamente, lembrando onde havia deixado meu pai.

Dormi. Despertei com a voz dizendo: “Teu pai não esta lá, já te mostrei onde ele está.” Novamente, peguei no sono e despertei triste, lembrando-me onde meu pai estava e, pela terceira vez ouvi: “Teu pai não está lá, já te mostrei onde ele está.” Então, olhei para o relógio; eram 1:15h da madrugada.

Comecei a pensar: será que isto é verdade? Por que um cavalo e não meus avós foram recebê-lo? Que estranho…. Mas ele me falou que o cavalo era um presente… Eu sabia que meu pai tivera este cavalo e cheguei até a conhecê-lo quando criança, mas não me lembrava mais, pois eu tinha por volta de 5 anos na época e já haviam se passados mais de 40 anos. Pela manhã, fui até a casa da minha mãe e perguntei se havia fotos do Estopa com meu pai jovem. Para minha surpresa, era o mesmo cavalo que vi. Fiquei surpresa, mas senti muita paz, pois sabia agora que meu pai estava bem, em um bom lugar, agora ele era jovem novamente, sadio e feliz.

Mas isto tudo me intrigou e despertou-me a curiosidade pelo passado. Então, fui atrás de informações e fiquei sabendo que quando meu pai iniciou sua carreira Militar no Exercito, em Pirassununga, interior de São Paulo, em 1942, recebeu para seu trabalho um cavalo chamado ESTOPA. Os dois se tornaram grandes amigos e inseparáveis. Meu pai o ensinou a fazer diversas graças: batia a pata, cumprimentava, fingia-se de morto e entre outras coisas sabia o caminho para a casa do meu pai, que na época era solteiro e morava com meus avós. Em 1949, meu pai ingressou na antiga Força Pública e veio para São Paulo, capital. O cavalo começou a dar problemas.

Meu avô ( Cel. Carlos Boson) constantemente tinha que levá-lo de volta ao Quartel, pois ele fugia, à procura de meu pai. Um belo dia, o comandante chamou meu avô e disse que não queria mais o Estopa lá. Pediu o endereço do Quartel onde meu pai servia e o mandou para São Paulo. Assim, meu pai e o ESTOPA saíram de Pirassununga e vieram os dois para o Regimento de Cavalaria Nove de Julho, na capital paulista.

Os anos se passaram, o Estopa se aposentou e virou Mascote do Regimento e não ficava mais preso em cocheiras. Era o único cavalo do quartel que andava solto. Todas as manhãs, durante a revista a tropa, o Estopa se colocava ao lado do meu pai. Este cavalo viveu muito e morreu aos 27 anos, na década de 60. Eu era muito criança quando o Estopa morreu e não me lembrava dele.

Yago

18/02/2004

Yago

Meu irmão, Fábio, tinha um Cão da raça Rotweiller, chamado Yago. Em 1997 o Yago tinha por volta de 4 anos, quando meu irmão precisou viajar e não pode levá-lo. Pediu, então, para que minha mãe cuidasse do Yago, até que pudesse mandar buscar o cachorro. Em poucos dias, minha mãe perguntou ao meu marido se ele não poderia cuidar do cachorro, porque ele era extremamente bravo, mal humorado e ela tinha muito medo. Meu marido trouxe Yago para casa transferindo o medo para mim.

Yago era um cão enorme, assustador, muito bravo, rosnava por qualquer motivo e tinha que ficar amarrado. Onde fazia xixi a grama queimava, era um horror! As pessoas diziam: “vocês são loucos por ter uma fera desta em casa!” Outros diziam que o Rotweiller era um cão temperamental, violento, raça criada em laboratório, proibida na Europa, um perigo para as crianças, etc, etc… Não via a hora do meu irmão tirar aquela fera da minha casa. A situação piorou quando meu marido resolveu que o cachorro deveria ficar solto, pois era maldade deixá-lo preso.

Então o Yago deitava-se na entrada da porta da sala impedindo a passagem. Quando eu chegava em casa meu marido tinha que prender o Yago para que eu pudesse entrar. Eu era prisioneira dentro de minha própria casa e o Yago solto. Então minha filha (na época com 6 anos) fez amizade com o cachorro, que também se afeiçoou a ela.

Eu ficava surpresa quando ela dizia: “pode entrar mãe, que ele não faz nada, vem comigo que eu te protejo.” Com o passar do tempo, perdi o medo do Yago, que acabou virando um grande amigo. Nossa convivência se tornou pacífica e agradável. Yago passou a ser mais alegre, amoroso, se alegrava com a nossa chegada e, inexplicavelmente, deixou de ser bravo e se transformou em um grande e leal amigo, além de ajudar na segurança da casa. Já fazia parte da família e agora o nosso medo era que meu irmão viesse buscá-lo.

O Yago era lindo, enorme, doce, carinhoso, amigo das crianças, tínhamos orgulho de apresentá-lo como “ nosso”. Tinha um pelo negro brilhante, era imponente, lindo, que cachorro maravilhoso! Os anos se passaram, o Yago envelheceu e em 2004 ficou gravemente enfermo e não se levantava mais. O veterinário disse que, infelizmente, teria que ser sacrificado. Meu marido tentou me convencer que a eutanásia seria o melhor para o Yago. Talvez sim, mas não tenha coragem de autorizar “ colocar um ponto final na vida dele”, ele pode se curar, a natureza é sabia.

Eu não tinha este direito, quem sou eu para determinar o fim de uma vida… O Yago não se levantava mais e fazia todas as suas necessidades deitado. Ele não chorava nem emitia som ou ruído que pudesse demonstrar algum sofrimento. Então, não quis mais vê-lo, não tinha coragem… Cozinhava para o Yago todos os dias, já que ele deveria se alimentar bem, controlava seus remédios, providenciava que estivesse em local limpo, aconchegante, mas não queria vê-lo. Fiquei uma semana sem vê-lo. Eu chorava bastante.

No dia 18/02/2004, levantei-me cedo, como de costume, para preparar sua comida e seus remédios. Meu marido cuidou dele, voltou e disse: “Olha, é duro vê-lo assim, vamos autorizar o sacrifício.” Então, foi marcado para as 14:00h. Quando deu meio-dia, me senti na obrigação de despedir-me dele. Criei coragem e fui ao local onde estava deitado. Ele não levantava a cabeça nem se mexia, mas moveu os olhos em minha direção e fez um leve abanar de seu rabinho cotoco. Respirava lentamente. Então, abaxei-me e disse: “Yago, obrigada por ter sido meu cachorro e ter sido tão bom. Voce é um bom cachorro.” Ele repuxou a perna parou de se mexer, seus olhos e respiração pararam. O Yago morreu na minha frente. Estava só esperando que eu me despedisse dele.

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