O cavalo me deu liberdade’, diz tratador cego de Alfredo Chaves

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O cavalo me deu liberdade’, diz tratador cego de Alfredo Chaves

Um jovem que nasceu cego mudou de vida quando conheceu os cavalos. Ele começou a cuidar dos animais em Alfredo Chaves, no Norte do Espírito Santo. O cuidador sonha em ter um projeto de equoterapia para ajudar crianças com necessidades especiais. “O cavalo me deu liberdade”, declarou.

O que os olhos não veem, os outros sentidos compensam. Dieyson Gonçalves nasceu cego, mas sempre buscou a independência. Ele aprendeu até a cozinhar. Aos 20 anos, decidiu deixar a casa dos pais para morar sozinho por causa dos cavalos.

“Eu precisava cuidar deles e não era todo dia que tinha alguém para me levar e eu ficava em casa triste. Então eu fui morar sozinho para conseguir morar perto dos cavalos. Aí eu conquistei a independência”, contou.

No caminho até o Clube do Cavalo, ele só precisa da ajuda de uma guia. Quando chega ao seu destino, ele nem precisa mais dela. Ele passa a maior parte do dia no local, cuidando dos animais.

Entre as baias, ele caminha seguro e sabe exatamente onde está cada cavalo. O contato com os animais é cheio de carinho.

“Ela gosta quando eu escovo ela, você vê que ela aceita bem. Então isso aqui é uma terapia”, declarou.

No tato, no trato, Dieyson enxerga nos animais o que os olhos não conseguem ver. O vice-presidente do clube do cavalo, Diego Bianchi, disse que a relação de Dieyson com os animais é diferente.

“O que ele faz com os animais, talvez nós não faríamos. Ele consegue detectar qualquer tipo de desconforto que o cavalo tenha na baia, ele consegue enxergar e passa pra gente. Ele toca o animal e fala com a gente o que o cavalo tem uma relação com o animal que a gente não consegue ter”, garantiu o vice-presidente.

Até o animal mais agitado e arredio parece hipnotizado quando Dieyson se aproxima. “O segredo é amor pelos animais. Você tem que entender eles da melhor maneira possível que aí você tem o que quiser com eles”, disse o cuidador.

No rodador, Dieyson nem precisa apertar as rédeas. É a égua Cigana quem o conduz. “Eu estou com a rédia baixa. Ela está virando sozinha. Já aprendeu. Sabe que eu não enxergo”, contou.

Dieyson teve o primeiro contato com os cavalos na adolescência, aos 15 anos. Em 11 anos lidando montando cavalos, ele disse que nunca caiu.

“Um amigo me chamou e eu vim para dar uma volta no local. Resolvi, como já estava aqui, tocar o primeiro cavalo. Me arrumaram um cavalo manso, para eu passar a mão nele. Daí pra frente foi amor à primeira vista. Eu não tinha noção de como era um cavalo”, contou o jovem.

Ele sonha em montar um projeto de equoterapia para que crianças cegas e com outras necessidades especiais também possam sentir a sensação. “O cavalo me deu liberdade!”, declarou Dieyson.

Fonte: g1.globo.com

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